terça-feira, 29 de outubro de 2013

Detalhes da morte do Padre Luis María Andréu

DETALHES DA MORTE DO PADRE LUIS MARÍA ANDRÉU APÓS A SUA VISITA A GARABANDAL
  


A VIAGEM DE REGRESSO A CASA

Introdução ao tema

No dia anterior, 8 de agosto de 1961, o Padre católico Luis Andréu tinha visitado Garabandal pela segunda vez. Por ausência do pároco de Garabandal, ele ficou encarregue de celebrar a Santa Missa nesta aldeia. Após finalizar a Santa Missa, as meninas videntes entraram em êxtase e deslocaram-se a correr até aos “pinos”. O Padre Luis Andréu mostrando interesse nestes acontecimentos, decidiu segui-las até lá. Pouco tempo depois, e sem esperar, o Padre Luis teve a visão de Nossa Senhora e do futuro Milagre de Garabandal. O Padre, gritou nesse momento as palavras: “Milagre, Milagre…”.

Foi já de madrugada que este sacerdote cheio de felicidade, iniciou a sua viagem de regresso a casa na companhia de alguns amigos. Este artigo relata os pormenores dessa viagem de regresso que culminou com a morte inesperada do Padre Luis Andréu.

As primeiras impressões sobre o sucedido...

Era naturalíssimo que ao sair da Igreja, todos aqueles que foram testemunhas dos acontecimentos daquela tarde e noite, deixassem alguns comentários entre eles... Num determinado círculo de pessoas, falava o Padre Royo Marín: “eu não sou infalível, mas sim especialista nestas questões (Poucos anos antes tinha publicado uma extensa e muito documentada “Teologia da Perfeição Cristã”, que teve muito êxito nos países de língua espanhola.), e parece-me que as visões das meninas são verdade. Eu tive oportunidade de apreciar quatro sinais a favor, que não deixam lugar para dúvidas”.

Então, D. Rafael Fontaneda aproximou-se dele e disse-lhe:

“Padre, se isto é assim tão sério, porque não fica aqui mais uns dias, para que possa estudar melhor o assunto?”. Ao que ele respondeu “Agora é-me impossível ficar; mas devo dizer que “isto” está tão claro, que não há lugar para dúvidas”.

E tenha-se em conta que inicialmente o Padre Royo Marín tinha subido a Garabandal demasiado cético. Era já bastante tarde quando as pessoas que iam na caravana de carros com Alba de Aguilar de Campo, iniciaram a descida de Garabandal: uns foram a pé, outros no “jeep”. O Padre Luis María Andréu foi uma das pessoas que decidiu ir no tal veículo que indicamos anteriormente; durante o trajeto, todos puderam observar que ele estava envolvido por uma alegria muito grande... e ele manifestava isso de mil formas, ao mesmo tempo que declarava a sua absoluta certeza sobre a veracidade de tudo aquilo que diziam as meninas videntes. Na aldeia próxima de Garabandal, Cosío, teve-se que esperar pelos restantes elementos que entretanto tinham decidido vir a pé desde Garabandal. O Padre Luis não saiu do “Jeep”; ele estava quase a dormir, quando chegou D. Valentín Marichalar, o pároco, e então o Padre Luis, com uma normal lucidez e tom sério, disse-lhe:

“Don Valentín: O que dizem as meninas é verdade; mas não fale disto que eu lhe disse agora... A Igreja tem que usar toda a prudência em relação a estes assuntos”.

Naquela mesma noite, antes de dormir, D. Valentim anotou cuidadosamente toda a conversa que teve com o Padre Luís naquela hora da despedida.

A viagem de regresso do Cosío a Aguilar del Campo

Para o regresso a Aguilar desde o Cosío, elegeu-se uma rota distinta daquela que tinha sido usada na viagem de ida, mais comprida, mas mais fácil: o trajeto de Torrelavega - Reinosa. Temos para confirmação desse trajeto, o relato de D. Rafael Fontaneda:

“No Cosío todos os presentes foram repartidos pelos diversos veículos que formavam a expedição; em relação ao Padre Luis, pediam que fosse no carro do meu irmão, mas ele preferiu ir comigo, já que comigo ele já tinha feito a viagem de ida. Tomou lugar no banco da frente, junto ao condutor, José Salceda; na parte de trás do veículo iam a minha esposa Cármen, a minha filha Mari Cármen (de oito anos) e eu. Ao longo da viagem de regresso íamos a comentar sobre tudo aquilo que tínhamos visto naquele dia... O Padre Luis disse-nos que tinha trocado impressões com o Padre Royo Marín, e que ambos estavam de acordo em relação aos acontecimentos de Garabandal. Tanto a minha esposa como eu, e mesmo José Salceda, sentíamo-nos impressionados pela profunda e intensa alegria do Padre Luis, assim como pela sua confiança. Ele falava sem pressas, e repetia muitas vezes estas frases:

“Que contente eu estou!... Que presente me deu Nossa Senhora!... Eu não posso ter a menor dúvida sobre a verdade daquilo que aconteceu com as meninas...”.

“Em Torrelavega alcançamos o “jeep” que nos tinha levado desde o Cosío a Garabandal; estava parado, com pessoas de Aguilar de Campo. O nosso condutor aproximou-se para ver se necessitavam de ajuda. Ele e o Padre Luis estiveram a falar durante uns minutos com esses passageiros. Ao recomeçarmos de novo a viagem, eu disse ao Padre Luis: “Padre, porque não dorme um bocadinho?” Aceitou a sugestão, e esteve assim a dormir durante quase uma hora, até bem pouco antes de chegar a Reinosa (Importante povoação industrial situado a sudoeste de Santander, em plena cordilheira cantábrica; por cima de Reinosa, a noroeste, nasce o rio Ebro, e um pouco por debaixo dela, a este, as suas águas juntam-se e acumulam-se no reservatório com o seu nome. Desde ela pode-se avistar Retortillo, onde apareceram as ruínas daquela que foi capital romana Julióbriga. Reinosa está sobre a estrada e o caminho-de-ferro que levam de Santander a Madrid, via Palência.). Então o Padre Luis acordou e disse: “Que sonho tão profundo eu tive! Encontro-me estupendamente bem. Nem sequer estou cansado”.

“Todos os demais estavam bem carregados de sono, pois eram já quatro da manhã. Entretanto detivemo-nos numa fonte para bebermos e refrescarmo-nos um pouco. O Padre Luis perguntou mais tarde ao condutor se ele também tinha bebido, e José Salceda disse-lhe que tinha dado água aos seus olhos, que eram os que tinham maior necessidade... Podemos completar estas cenas com alguns pormenores:

Em redor desta fonte, nas redondezas de Reinosa, pararam todos os carros que formavam a caravana, e todos os passageiros saíram para esticar as pernas e para se refrescarem, com exceção do Padre Luis Andréu que ficou no seu lugar dentro do automóvel, apenas com a porta aberta. À sua volta foram-se agrupando, pouco a pouco, quase todos os elementos daquela viagem e começaram a fazer-lhe perguntas...

Ao fim de algum tempo depois, iniciou-se a viagem; o carro do Padre Luis ia em último lugar. Ao entrar pelas ruas da povoação totalmente desertas àquela hora, foi quando o padre Luis começou a dizer estas coisas tão importantes, que nos transmitiu o senhor Fontaneda, e que foram os últimos desabafos e afirmações daquele verdadeiro filho de Santo Inácio.

“Sinto-me verdadeiramente cheio de alegria, de felicidade. Que presente me deu Nossa Senhora! Que sorte nós temos por ter uma Mãe assim no céu!... Não devemos ter nenhum medo da vida sobrenatural... Temos de aprender a tratar a Virgem como fazem as meninas! Elas deram-nos esse exemplo!... Eu não posso ter a menor duvida sobre a verdade das suas visões... Porque nos escolheu a Santíssima Virgem?... HOJE É O DIA MAIS FELIZ DA MINHA VIDA.”

A morte do Padre Luis María Andréu…

Acabou de falar com esta última frase. Então eu perguntei-lhe algo, mas pelo fato dele não me ter dado qualquer resposta eu disse-lhe: “Padre, está tudo bem consigo?” Ele respondeu “Não, nada. Sono”. E inclinou a cabeça, ao mesmo tempo que emitia um ligeiro ruído. O nosso condutor José Salceda virou a cabeça para o padre Luis, e ao observar os seus olhos, exclamou: “O Padre está muito mal!” Rapidamente a minha esposa pegou na sua nuca para comprovar o seu pulso e gritou: “Pára, pára, porque ele não tem pulso. Temos aqui uma clínica: temos que o levar imediatamente”. Eu pensava que se tratava apenas de tonturas e ao parar o carro, pus-me a abrir a porta enquanto dizia: “Não se preocupe, Padre, que não é nada; vai ver que vai passar com um pouco de ar”. Mas a minha esposa insistia: “Temos que o levar imediatamente à clínica” e eu disse: “Não diga disparates”. Levamos o Padre Luis à clínica, que estava a poucos metros de nós, a enfermeira que nos abriu a porta, disse-nos imediatamente que estava morto. Eu repliquei com a minha mulher que não podia ser… e que tinha de fazer algo. A enfermeira deu-lhe uma injeção, enquanto isso José Salceda corria para chamar um médico e um sacerdote. O médico (o seu nome, Vicente González e o nome do estabelecimento para onde foi levado o Padre Luis chamava-se, “Clínica Montesclaros” (sem duvida, em honra da Virgem de Montesclaros, que tem o seu santuário num lugar não muito longe de Reinosa e que é muito venerada por toda a região). Ele chegou passados dez minutos e só pôde constatar que já estava efetivamente cadáver. Imediatamente chegou o pároco, e administrou-lhe a Santa Unção.

“Passados os primeiros instantes de um total nervosismo e desconcerto, começamos a pensar melhor: chamei por telefone o seu irmão Padre Ramón, que estava em Valladolid, dando exercícios espirituais a uma comunidade de religiosas; comuniquei-me também com Aguilar de Campo, e horas mais tarde foram chegando os meus irmãos e cunhado. Felizmente, também chegou a Reinosa o Padre Royo Marín, que nos acompanhou e nos consolou (O Padre Royo Marín, embora Levantino, tinha familiares em Reinosa, e isto explica a sua paragem ali, pois seguramente ignorava a inesperada morte do Padre Luis). A meio da manhã chegava também o Padre Ramon Andréu”.

Podemos imaginar a impressão do Padre Ramón ao encontrar-se com o cadáver daquele irmão mais novo, de trinta e seis anos...Como esperar uma coisa assim? Nunca ele o tinha visto doente, nem nunca ouvido que tivesse algum problema cardíaco (só sabia da sua alergia ao feno e que obrigava que o próprio tomasse determinados medicamentos durante o tempo da primavera) e tinha boas razões para crer que estivesse cheio de vitalidade, pois em Oña ele fazia desporto com frequência, e nos dias de férias saia com outros companheiros para caminhar pelas montanhas. Mas foram estes os desígnios de Deus.

O Padre Ramon, que tinha recebido em Valladolid a chamada telefônica por volta das 06:15 da madrugada, chegou a Reinosa às onze dessa manhã. Depois de cumprir piedosamente com o seu irmão, foi recolher os poucos pertences do seu irmão; entre elas, um pequeno caderno que o Padre Luis levava no bolso; o cadernito número 3, onde tinha apontado de forma muito sumária todas as incidências relativo ao dia anterior em Garabandal. Seguidamente pôde falar um pouco com o Padre Royo Marín, e dos seus lábios recolheu estas afirmações:

“Isto de Garabandal não tenho a mínima dúvida; o mínimo que se pode fazer é tomar tudo isto de forma séria. A marcha extática, para mim foi claríssima: era sem luz, e tão rápida, que não podíamos seguir as meninas; não olhavam para onde iam, e não tropeçavam em nada (só observei algum ligeiríssimo resvalar sobre a erva molhada). Levavam os olhos bem abertos; mas aqueles olhos estavam “mortos” para as excitações sensoriais que a todos nós humanos nos afetam... O seu irmão sabia muito, tinha que ser um bom professor: analisava bem as coisas, e estávamos de acordo em tudo” (a opinião do Padre Royo Marín sobre Garabandal era bem firme).

Dez dias depois, a 18 de agosto, às três e trinta da tarde, ele telefonava desde Castro Urdiales (Vila da costa de Santander) a um pequeno grupo de pessoas que iam com ele e com o Padre Ramon Andréu a Santander, para informar sobre o seguinte:

“Estou muito doente, com quarenta de febre, mas com muita pena não posso acompanhar-vos; mas vão vocês ao senhor Bispo e digam da minha parte sem nenhuma reserva que aquilo de San Sebastião de Garabandal é sobrenatural com toda a certeza. Esta é, a minha opinião. E que ele tem obrigação de ir lá para ver. Se não quiser ir, levamo-lo nós como seja... Há um dever urgente de aceitar tudo aquilo que Deus faz com suficiente clareza”.

O Padre Royo Marín, depois destes dias de agosto, não voltou a encontrar ocasião de subir à famosa aldeia. No princípio de 1965, o Padre Royo Marin estava em Santander, numa determinada igreja da cidade, e passaram na sacristia várias pessoas e perguntaram-lhe: “Padre, o que pensa sobre as aparições?”

Ele disse: “Eu não pude mais regressar a Garabandal. Por isso, não tenho opinião sobre o que se passou depois da minha última visita. Mas quando estive lá, não tive dúvidas que eram verdadeiras”.

Uma Felicidade eterna

Se o Padre Luis María Andréu não morreu de doença, uma vez ser desconhecido qualquer problema de saúde, então de que morreu?

Ouçamos de novo o senhor Fontaneda: “Sempre que comentei com a minha esposa este acontecimento, que foram tão fortemente impressionantes para todos nós, sentimos uma paz e uma serenidade inconfundível”. Só encontramos uma resposta para a pergunta. De que morreu o Padre Luis? Ele morreu de felicidade! Não obstante de ter passado por frações de segundo da normalidade mais completa a um estado de cadáver, sobre os seus lábios ficou-lhe um sorriso... Quando volto a Garabandal, pude ouvir as meninas a falar a respeito do Padre Luis, e escutei alguns dos seus diálogos extáticos em que falavam dele ou com ele. Todos os acontecimentos daquela dolorosa madrugada do dia 9 de agosto em Reinosa tiveram para mim um especial significado, na qual a Providencia de Deus e o Amor de Maria tiveram um importantíssimo papel.

“Este é o dia mais feliz da minha vida”, disse-me o Padre Luis. Eu ia perguntar-lhe sobre o sentido daquela frase, já que eu imaginava que para um sacerdote o dia mais feliz era o da ordenação sacerdotal ou a primeira missa; mas não deu tempo para lhe perguntar. Não podiam ser as suas palavras como um anúncio da sua entrada na felicidade eterna? Tudo ficou claro quando ouvimos o Padre Royo: “Verdadeiramente, o dia mais feliz da minha vida é aquele em que se chega aos braços de Deus”.

E esse dia foi para o Padre Luis María Andréu naquele dia, 9 de agosto de 1961, às quatro e vinte da madrugada, quando regressava de San Sebastião de Garabandal. Depois de tudo isto, já podemos entender melhor o caso da primeira morte de Garabandal: o Padre Luis não aguentou com a verdade e com a alegria de tudo aquilo que tinha visto. Com toda a certeza que o Padre Luis, deixando as suas forças por disposição divina, não pôde mais do que umas pequenas horas com a verdade e com a alegria de Garabandal... morreu como “mártir”, pois deu o seu inequívoco “testemunho” com a entrega da sua vida (“Mártir” é uma palavra de origem grega, que significa testemunho. A Igreja primitiva usou-a para designar quem dava testemunho público de Cristo, ou todos aqueles que confessavam diante de todos a sua fé Nele, sacrificando a sua vida.). É também interessante realçar que em Reinosa, cidade onde faleceu o Padre Luís existe a Igreja dedicada a São Sebastião, tal como em Garabandal. Como se sabe, São Sebastião, foi um dos primeiros mártires da história do cristianismo.

A presença do Padre Luis em Garabandal…

Parecia assim que tudo tinha acabado, que a história do Padre Andréu tinha acabado naquele momento, mas não foi isso que aconteceu…. Vamos agora ouvir as notas do Padre Ramon a este respeito: “Depois do funeral do Padre Luís em Oña, e depois de acompanhar durante alguns dias a minha mãe (residente em Bilbao), fui para Garabandal no dia 14 de agosto desse ano. Ao entrar na povoação, vieram ter comigo para me saudar, as quatro meninas, porque tinham-me visto subir o trajeto final até à aldeia de Garabandal. Disseram-me que quando lhes informaram que o Padre Luis tinha falecido, ficaram tristes... (Conchita faz referência a isto no seu Diário, páginas 45-46:

“No dia seguinte, fomos nós as quatro varrer a Igreja. Quando estávamos a varrer, veio a mama de Jacinta muito assustada, e disse-nos: “Morreu o Padre Luis María Andréu!” E nós não queríamos acreditar porque o tínhamos visto no dia anterior! E com tudo isto, deixamos a Igreja a meio dessa tarefa, e fomos inteirarmo-nos melhor sobre este assunto. Diziam que quando estava quase a morrer, as suas últimas palavras foram: “Hoje é o dia mais feliz da minha vida... Que mãe tão boa temos no céu! E morreu”.

As meninas disseram-me também que Nossa Senhora falou-lhes sobre a morte do meu irmão, e que elas perguntaram-lhe então onde ele estava e Nossa Senhora respondeu com um sorriso; e que elas disseram-lhe: “Porque nos vai dizer, se nós já o sabemos?” Diziam as meninas: “Nossa Senhora sorriu!”…

Pouco tempo depois, Loli entregou-me o Rosário que tinha recebido do meu irmão para dar a beijar à Virgem, e que tinha entretanto perdido. Disse Loli: “Nossa Senhora disse-me de forma clara onde estava o Rosário, e pude encontrá-lo de seguida, nada mais do que levantar apenas umas pedras”.

Relato do Padre Ramon María Andréu ao editor Francês do Diário de Conchita

“Era o dia 14 de agosto. Tinha acabado de enterrar o meu irmão Luis, e acabava de chegar a Garabandal. Um rapaz de Burgos aproximou-se de mim para me dizer: “Ouvimos as meninas durante os seus êxtases que diziam: “Ai, que bem! Então, vamos falar com o Padre Luis?”

Aquilo deixou-me totalmente decepcionado. Pareceu-me que se tratava de um caso típico de auto-sugestão: a morte inesperada do meu irmão tinha impressionado de forma séria e forte o espírito das meninas, e aí estava o resultado... Naquele momento quis sair imediatamente de Garabandal. Efetivamente, deixei-me ficar, mas só o fiz porque os meus companheiros de viagem não tinham as mesmas pressas que eu tinha naquele momento. O que se passou depois? Foi até ao local onde as meninas estavam em êxtase, e pus-me a escutar as suas “conversações” com ou sobre o Padre Luis... Ao fim de uns minutos, já não sabia em que pensar. Estava verdadeiramente estupefato, pois as meninas, ao repetir as palavras da sua visão, iam dando conta da morte do meu irmão, sobre os pormenores do seu funeral, com detalhes muito precisos sobre os rituais especiais do enterro de um sacerdote. Até sabiam que no caso do meu irmão Padre Luis tinha havido algumas exceções em relação às regras tradicionais da celebração fúnebre; por exemplo, não se tinha posto o boné na cabeça, e no lugar de cálix tinha sido colocado um crucifixo entre as mãos. Inclusive, as pequenas explicavam a razão dessas mesmas variantes.


Nesta ocasião, escutei-as a dizer que o meu irmão tinha falecido sem fazer a sua profissão, como assim era verdade. Falaram também sobre mim e sobre os meus votos: Conheciam com exatidão a data, o lugar onde eu os tinha pronunciado e o nome do jesuíta que tinha feito comigo esses mesmos votos! Deveis certamente compreender o meu assombro, a minha estupefação, perante todos esses detalhes rigorosamente exatos, que as meninas não podiam conhecer de nenhum modo por condutos humanos...”

No primeiro momento de êxtase do dia 14 (nesse dia estava presente o Padre Ramon Andréu, que esteve com as meninas quase todo o dia, e pela noite até às três. Também estiveram nesse dia na povoação D. Alberto Martín Artajo (ex Ministro dos Assuntos Exteriores de Espanha), e o Padre Lucio Rodrigo (professor Jesuíta de Comillas); e muita gente. (Notas de D. Valentín), e foi por volta das dez da noite, que aconteceu o seguinte: “As meninas saíram em marcha extática, com a cabeça levantada. Percorreram as ruas da povoação, às vezes juntas, às vezes separadas. Quando se juntavam em algum lugar, irrompem com exclamações de alegria. Assim, por várias horas, das dez às doze, o público segue-as rezando; no entanto era difícil andar com elas por todas as partes, porque iam a correr bem depressa... e mesmo assim nunca tropeçavam, nem com as muitas pedras que havia no caminho, e também porque as voltas que as meninas realizavam pela povoação são constantes, em todas as direções e por todas as ruelas. Foi numas dessas ocasiões que foi possível ouvir as meninas falar do meu irmão: “Então, vamos ouvi-lo falar?... Ah, que bom!”

Efetivamente, as meninas sentiram a presença do Padre Luis nos seus êxtases e escutaram a sua voz, mantendo o diálogo com ele, mas sem nunca ver a sua figura. Conchita escreveu a esse respeito no seu Diário pág. 46-47:

“Quando passaram uns dias do falecimento do Padre Luis, disse-nos Nossa Senhora que íamos falar com ele. E no dia 15 de agosto, festa de Nossa Senhora da Assunção, (nesse dia havia muitas excursões, e como essas pessoas fizeram nesse dia alguns escândalos), era o dia que Nossa Senhora tinha-nos informado que iríamos falar com o Padre Luis María Andréu..., e Ela não veio”.

Informa o Padre Ramon Andréu:

“Repetiu-se a situação de que quando o público estava mais numeroso e com ar de romaria, com embriaguez, música ou canções profanas, a visão não tinha lugar. E o público ficava defraudado. A primeira vez que eu observei isso, foi no dia 15 de agosto (1961), festa da Assunção, pela tarde. Nesse dia, toda a multidão esperou em vão. À vista daqueles que se comportavam como se tivessem ido a uma romaria, a ouvir canções profanas ou em estado de embriaguez na qual se encontravam alguns deles, disseram-me várias pessoas da povoação, gente sensível: “Hoje não haverá seguramente nada. Já sucedeu tudo isto de uma outra vez. E todos nós aqui alegramo-nos de que não haja nada quando vêem para aqui com essa disposição”.

“Outro dia chamou-me Amália, a irmã de Loli, de onze anos, e encontrei Loli em estado de transe... Escutei sobre o que ela dizia à visão: “... Estão a cantar..."

Acabado o transe, perguntei-lhe, e ela respondeu-me: “Nossa Senhora diz que se vai embora, porque estão a cantar e em festa”. Saí dali e fui perguntar: “Há alguém que está a cantar por aí?” – “Sim, responderam-me; há ali um grupo que está em romaria. E não ouve visão, até que esse grupo, tivesse ido embora para suas casas de autocarro. Isto sucedeu mais vezes. Eu pude constatar isso por cinco vezes, pelo menos; e nessas cinco vezes a incorreção e a irreverência dos visitantes era sempre visivelmente manifesta”.

Nesse dia 15 de agosto de 1961, subiu pela primeira vez a Garabandal alguém que havia de se converter num dos mais qualificados testemunhos da sua história: Don Celestino Ortiz Pérez, médico de Santander, especialista em Pediatria.

“….. Foi nessa visita quando conhecemos o Padre Ramon María Andréu; por certo que este, ao inteirar-se de que eu era médico, mostrou muito interesse que eu examinasse as meninas.”

Ouçamos mais alguns dos relatos das meninas relativamente a estes fatos: “No dia seguinte, às oito ou nove da noite, apareceu-nos Nossa Senhora muito sorridente, como sempre, e disse-nos às quatro: Virá agora e falar-vos-á o Padre Luis. E passado pouco tempo, ele veio, e chamou-nos uma por uma; no entanto nós não o víamos, apenas ouvíamos a sua voz. A sua voz era exatamente igual quando falava conosco na terra. E quando ele já tinha falado um pouco, dando-nos conselhos, disse-nos também algo a respeito do seu irmão o Padre Ramon; e ensinávamos palavras em francês, e a rezar em grego. Também ensinou-nos palavras em alemão e em inglês. E ao fim de algum tempo, já não sentíamos mais a sua voz, e falava apenas a Virgem que esteve conosco durante um certo tempo e depois foi embora”.

Não existe dúvidas de que as meninas pronunciaram mais de uma vez, nos seus êxtases, palavras ou frases em línguas que lhes eram totalmente desconhecidas. Existem testemunhos de toda a solvência. Na edição francesa do Diário de Conchita reconhece-se esta declaração do Padre Ramon María Andréu: “Certamente, as meninas falaram mais de uma vez em línguas estrangeiras. Escutei numa delas o recitar da Ave-Maria em grego. E tenho em meu poder uma carta de Conchita, em que refere integramente vários parágrafos, na qual dá conta das coisas que aprendeu em francês, em êxtase, da parte do meu irmão” (pág. 57 do Diário de Conchita).

Mais de uma vez expressei opinião de que isto das palavras ou frases em línguas estranhas parece “um jogo” demasiado inútil, e até um pouco tonto, para admiti-lo como procedente do céu... Com todo o respeito em relação a isto, eu atrevo-me a fazer estas observações: Tudo aquilo que vem de Deus tem uma razão de ser e um porquê; existe sempre por trás de tudo uma motivação e uma finalidade. Ele move-se sempre para nós em forma de mistério, que se vai revelando progressivamente ao longo do tempo... segundo os seus desígnios. Perguntei-me várias vezes, se isto das línguas estrangeiras em Garabandal não viria precisamente apontar à dimensão universalista do seu “mistério”... uma vez que a sua ação nunca poderia ser apenas baseado em horizontes locais ou nacionais porque como se sabe Ela veio para todos.

Deixa-me com muita alegria poder constatar, que falaram da Ave-Maria, a primeiríssima oração mariana, precisamente em grego. Não foi nessa língua que se escreveu pela primeira vez? Não foi nessa língua que partiram as traduções para todas as restantes? E a língua grega, língua da primeira Igreja ecumênica, segue sendo o símbolo de uma porção importantíssima de cristãos de hoje, que devem encontrar-se numa mesma comunhão de fé e caridade.

Nossa Senhora veio a todos nós, por Garabandal, numa grande hora ecumênica, e quem sabe que tudo isto das línguas pode estar a insinuar algo sobre as dimensões misteriosas da nova e singularíssima epifania da Virgem. As relações do falecido Padre Luis com o fenômeno de Garabandal não acabaram nestes dias de agosto, e existem muitos testemunhos das meninas que o confirmam.

No entanto o mais surpreendente foi o que escreveu Conchita ao Padre Ramon, numa carta do dia 2 de agosto de 1964:

“No dia 18 de julho, festa de S. Sebastião de Garabandal, eu tive uma locução (as locuções são um dos fenômenos de misteriosa comunicação entre Deus e a alma, que estuda a Teologia Mística. Pela “locução” a alma recebe interiormente o que Deus quer dizer sem palavras, mas com total claridade e segurança.), e nessa locução disse-me, que no dia a seguir ao Milagre, retirar-se-á o teu irmão do cemitério, e encontraremos o seu corpo intacto”.

 Recentemente, em 1976, difundiu-se por todo o lado a notícia de que os restos do Padre Andreu tinham sido exumados, como os de outros muitos jesuítas sepultados em Oña durante o tempo em que aquele lugar foi a Faculdade Teológica da Companhia. Deixou de o ser a partir de um determinado momento, daí a necessidade de retirar todos os corpos presentes nesse cemitério; foi dito que se tinham aberto todas as campas, e “todos os cadáveres estavam decompostos”...

Tal notícia, para desânimo de bastantes garabandalistas e para regozijo dos seus opositores, foi em seguida tomada como nova “prova” contra a verdade de Garabandal. Mas não há nada como saber esperar, para que muitas coisas obscuras acabem e fiquem claras. Ao fim de um ano, chegou-me esta carta:

“Meu amigo, o senhor Cabré, de Barcelona, recebeu uma carta de um Padre missionário da América do Sul, na qual dizia que num outro dia encontrou-se com o Padre Alejandro Andréu, irmão do falecido Padre Luis, e que lhe perguntou sobre o ocorrido com o cadáver do Padre Luis, ao que ele me contestou. Ele disse-me que em Oña tinham sido desenterrados todos os cadáveres e levados para Loyola; que tinham destapado todos os caixões com exceção da do Padre Luis, por ordem do Provincial dos Jesuítas. Assim, pois, efetuaram o traslado dos restos mortais do Padre Luis sem contudo ficar a saber sobre o seu estado; os restantes corpos dos Jesuítas, esses sim, estavam decompostos”.

Por isso, só nos resta esperar pelo dia do futuro Milagre. Nesse dia maravilhoso, Deus vai confirmar a autenticidade destas aparições através deste fato e do próprio Milagre em si, que será um dos maiores milagres que Jesus fez na Terra, a seguir à Sua Ressurreição.



quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A História do Padre Luis María Andréu

A HISTÓRIA DO PADRE LUIS MARÍA ANDRÉU
  

Padre Luis, no dia em que viu Nossa Senhora e o Futuro Milagre

O Padre Luis María Andréu nasceu em Bilbao, em 1925. Entrou para uma escola Jesuíta em 1942, estudou em Roma e Paris. Quatro dos seus 6 irmãos eram Padres.

No dia 8 de agosto de 1961, em Garabandal, o Padre Andréu ficou responsável por rezar a missa, pois o pároco local não ia estar presente e deixou-lhe as chaves da Igreja. Para quem o viu celebrar disse que foi uma Missa especial.

No final da tarde e pela terceira vez as meninas entraram em êxtase, saíram da Igreja e rumaram em direção aos “pinos”, juntamente com ele que vinha atrás. Já nos “pinos”, o Padre entra também em êxtase e passado algum tempo diz “Milagre!” por quatro vezes. Com os seus olhos fixos no Céu, ele estava contente de ver Nossa Senhora e por antecipação o futuro Milagre. As meninas confirmaram mais tarde que pela primeira vez viam no seu campo de visão uma outra pessoa, e era o Padre Andréu(1).

Após o êxtase ter terminado, o Padre Andréu desceu dos “pinos” e, passado algum tempo, comentou com outro Padre dizendo: “Padre, o que as meninas dizem é verdade”.

No caminho de regresso no carro, já eram quatro da manhã, quando o Padre Luis comentou com os colegas:

“Que sorte termos uma Mãe assim no Céu. Não devemos ter medo do sobrenatural. As crianças ensinam-nos como falar com Nossa Senhora. Para mim, não posso ter nenhuma dúvida. Porque é que Nossa Senhora nos escolheu, porquê? Este é o dia mais feliz da minha vida”.

Depois fez-se silêncio. De repente, a cabeça do Padre Luis pendeu para a frente e morreu naquele momento.


Observações

Obs.1: Conchita disse numa locução que no dia a seguir ao futuro Milagre, o seu corpo será encontrado intacto, como no dia em que morreu.

Obs. 2: Nossa Senhora disse às meninas que o Padre Andréu encontra-se no Céu.

Obs. 3: O padre Andréu usava a Medalha do Escapulário de Nossa Senhora do Monte Carmelo.

Obs. 4: De acordo com a importância do Escapulário (Inserido pelo Papa Paulo V, em 1605-1621), que quem o usasse com devoção e o venerasse constantemente, a pessoa falecida sairia do purgatório no primeiro sábado a seguir à sua morte.


(1) Durante os êxtases, as meninas não viam mais nada no seu campo de visão, a não ser a elas próprias e a Nossa Senhora. Tiveram também a impressão de ouvir dizer “Daqui a pouco tempo estarás perto de mim”.




Uma predileção especial pelos Sacerdotes em Garabandal

UMA PREDILEÇÃO ESPECIAL PELOS SACERDOTES EM GARABANDAL


A visita de sacerdotes a Garabandal durante o tempo das aparições foi inevitável, em especial a visita constante do Padre Valentim Marichalar, pároco não residente, que para além de Garabandal também ministrava na aldeia vizinha do Cosio.

No dia a seguir às aparições, o Padre Valentim Marichalar subiu aos “pinos[1] para questionar as crianças acerca dos rumores que ele próprio tinha ouvido relativamente aos acontecimentos ali ocorridos no dia anterior. Ele estava a tomar conta da sua responsabilidade, pelo fato de ser pároco desta comunidade. Nesse dia, ele encontrou três das quatro meninas videntes, Conchita, Mari-Loli e Jacinta, no caminho de suas casas para a escola local e Mari-Cruz já na sua casa. Ele deu uma sugestão: que da próxima vez que elas tivessem a aparição, perguntassem qual era o nome do Anjo e sobre a razão da sua vinda. A sugestão foi aceite com bom agrado por parte das meninas videntes. Essas perguntas foram feitas ao próprio Anjo no dia 21 de junho de 1961 (a primeira aparição do Anjo foi a 18 de junho de 1961) em obediência ao pároco Valentim Marichalar. No entanto, o Padre Valentim Marichalar teve que esperar mais algum tempo até que ficasse a saber sobre a verdadeira identidade do Anjo. O nome só ficou a saber-se no dia em que Nossa Senhora apareceu pela primeira vez e Ela revelou o seu nome, chamava-se Anjo São Miguel. As quatro meninas videntes chegaram a falar com Nossa Senhora sobre o Padre Valentim Marichalar que descreveram-no como sendo um sacerdote muito bom.
  

Padre Valentim Marichalar

Muitos outros sacerdotes também acabaram por se envolver nos acontecimentos de Garabandal. Acreditando nesses acontecimentos de forma favorável estiveram: os irmãos Andréu, o Padre Luis e o Padre Ramon, o Padre José Garcia de la Riva, bem como a presença de muitos teólogos que fizeram registros daquilo que observaram em Garabandal. Também existiram sacerdotes que demonstraram possuir opinião desfavorável, como foi o caso do Padre Luís Odriozolla, Padre Francisco Pajares, entre outros. No geral, crentes ou não crentes tinham um ponto em comum, ambos demonstraram afeto, carinho e respeito pelos acontecimentos ali ocorridos.

Informações inquietantes

As meninas foram ensinadas pelos seus pais para terem sempre grande respeito pelos Sacerdotes. Na aparição de 29 de agosto de 1961. Conchita ficou bastante impressionada com a informação inquietante que Nossa Senhora tinha-lhe transmitido em relação aos Sacerdotes. Conchita ao ficar admirada com tal informação exclamou da seguinte forma: “Não são os Sacerdote todos bons?” No dia seguinte, Conchita em êxtase, ainda com admiração sobre o assunto, voltou a falar sobre o mesmo a Nossa Senhora: “Eu pensava que todos os Jesuítas fossem bons”.

Cinco anos mais tarde, falando com a irmã Maria Nieves Garcia no internato em Burgos, lembrou-se novamente deste êxtase e disse: “Antes de Nossa Senhora falar-me sobre esse assunto, eu pensava que os Padres eram todos bons. Nunca me tinha ocorrido que também eles cometiam pecados! Ao início eu era amiga de todos, mas notando que a minha confiança era erradamente interpretada por alguns, eu então mudei de atitude”.

Envolvimento dos Sacerdotes

No início destes acontecimentos, as meninas videntes demonstraram uma especial predileção pelos Sacerdotes e religiosas. Frequentemente, elas tinham por hábito contar o número de Sacerdotes que chegavam à aldeia, observando os seus hábitos religiosos. Em muitos dos seus êxtases, elas falavam dos Sacerdotes com Nossa Senhora. Se lhe perguntassem, “Quem queriam que viesse mais à sua aldeia”, elas quase sempre respondiam, “Sacerdotes”.

O ponto mais alto que demonstrou todo este elevado carinho e afeto pelos Sacerdotes foi particularmente evidente durante dois êxtases, e isto ocorreu algum tempo antes de Conchita ter tido conhecimento sobre o estado das almas de alguns Sacerdotes. Esses êxtases ocorreram a 8 e a 16 de agosto de 1961. Os irmãos Sacerdotes Luis e Ramon Andréu, seguiram bem de perto todos estes acontecimentos e tiraram deles algumas notas bastante detalhadas. Eles tornaram-se familiares entre as meninas videntes que os aceitaram sem qualquer dúvida ou medo.

No segundo êxtase do dia 8 de agosto de 1961, o Padre Luis Andréu estava junto das meninas quando o próprio entrou também em êxtase. Enquanto ele permanecia no estado de êxtase, ele viu diretamente a imagem de Nossa Senhora e o futuro Milagre que um dia ocorrerá em Garabandal com o objetivo de convencer todo o mundo sobre a sua autenticidade. Aparentemente as meninas videntes não tiveram conhecimento sobre este futuro Milagre, até ao dia 5 de setembro de 1962 quando Conchita mencionou a ocorrência de um Milagre em adição ao “pequeno Milagre” (Milagre da Hóstia Visível) que ocorreu neste mesmo ano de 18 para 19 de julho. O padre Valentim Marichalar foi informado a respeito desse milagre, por volta do dia 24 de setembro desse ano.

O padre Luis Andréu depois de ter visto o futuro Milagre, exclamou por quatro vezes: “Milagre”. As meninas videntes ficaram admiradas pelo fato de o terem visto no seu espaço de Visão, uma vez que uma das características dos êxtases era a total ausência do espaço do mundo que as rodeavam. Apenas tinham a visão de Nossa Senhora e do Anjo. Desta vez, tinham também a inclusão do Padre Luis Andréu no seu êxtase. Este acontecimento particular não ocorreu com mais ninguém, nem como nenhum outro Sacerdote, apenas com o Padre Luis Andréu.

Na madrugada do dia seguinte, durante a viagem de regresso a casa que realizou com alguns amigos seus, o Padre Luis Andréu morreu subitamente. O seu irmão, padre Ramon, apesar de ter tido conhecimento sobre a alegria que contagiou o padre Luis pouco tempo antes de morrer, a sua morte mesmo assim veio trazer-lhe uma grande depressão. O padre Luis Andréu faleceu a 8 de agosto de 1961. No seu regresso a Garabandal, a 14 de agosto, as quatro meninas videntes foram ao encontro do Padre Ramon e demonstraram-lhe toda a sua tristeza em relação à notícia do falecimento do seu irmão. Depois, elas informaram o próprio Padre Ramon que Nossa Senhora falou-lhes também sobre este incidente.

Antes do Padre Ramon ter assimilado esta informação que tinha sido comunicada pelas meninas videntes, ele disse-lhes que as tinha ouvido a dizer durante esse êxtase, que elas iriam voltar a falar com o Padre Luis Andréu, mas mais tarde. Para o Padre Ramon, tratava-se de notícias desoladoras. Ele não tinha qualquer expectativa nem convicção que isso fosse possível, uma vez que o seu irmão tinha já falecido. Nesse momento, ele ficou com a certeza que as meninas sofriam de um comportamento de auto-sugestão devido ao falecimento súbito do seu irmão Luís.

A continuação deste afeto para com os sacerdotes, ocorreu no êxtase do dia 16 de agosto de 1961, na qual o falecido Padre Luís teve possibilidade de falar com as meninas videntes, apesar de o próprio não ter estado visível para elas. Isto ocorreu precisamente oito dias depois da sua morte. Ele falou com as meninas, utilizando palavras em francês, inglês e alemão; ensinou-lhes também a Ave-Maria em grego; e também transmitiu uma mensagem particular para o seu irmão Ramon. Este fenômeno repetiu-se por algumas vezes.

O reconhecimento dos Sacerdotes

À medida que os acontecimentos se desenrolavam, as meninas adquiriram a capacidade de reconhecer os sacerdotes que chegavam à aldeia de Garabandal, vestidos à civil, com o objetivo de não serem reconhecidos. Parece que a primeira vez que isto ocorreu foi durante o êxtase de Mari-Cruz no mês de agosto, entre o dia 17 e 28 desse mês. Nesse êxtase, ela recebeu a informação da Visão que naquele dia estava presente em Garabandal um sacerdote dominicano que estava vestido à civil. Uma continuação desta extraordinária capacidade aconteceu no primeiro êxtase do dia 27 de julho de 1961, quando as meninas anunciaram como a multidão deveria organizar-se para serem testemunhas do êxtase que iria ter lugar naquele dia. Incluído nestas instruções elas mencionaram “as irmãs”.

O Padre Valentim Marichalar, pároco de Garabandal, não tinha nenhum conhecimento sobre a presença de religiosas na aldeia nesse dia, e questionou ao Padre Ramon sobre o assunto, que tal como ele não tinha também nenhum conhecimento sobre a presença de religiosas na aldeia. Mas, durante o êxtase, depois das meninas videntes terem subido até aos pinos, as irmãs religiosas apareceram no local onde ocorriam as aparições. Em relação a esta faculdade de reconhecimento de sacerdotes vestidos à civil, existem algumas considerações a este respeito, por parte do Padre Ramon:

“A capacidade que estas meninas possuíam em conseguir obter informações camufladas e escondidas entre a multidão presente, foram reconhecidas durante várias ocasiões. No entanto, essa capacidade de descobrir foi mais marcante no que respeita à identificação de sacerdotes. Muitas vezes elas diziam que os sacerdotes estavam num determinado local, quando a maioria das pessoas não suspeitava de nada, ou que existiam muitos mais sacerdotes presentes na aldeia, muito mais que aparentavam existir, devido aos seus trajes à civil”.

É preciso realçar que tudo isto acontecia, não devido às capacidades psíquicas das meninas. Numa determinada data de agosto de 1961, durante um êxtase de Mari-Cruz, foi Nossa Senhora que a informou em relação ao disfarce de um sacerdote dominicano que estava presente entre a multidão, um fato que foi verificado por um espectador a quem o sacerdote veio depois a revelar. Em outubro desse mesmo ano, Jacinta foi informada pela Nossa Senhora que havia um sacerdote entre a multidão a quem Jacinta teve que lhe dar três sinais de clareza para confirmar que ele era realmente um verdadeiro sacerdote, isto porque ele tinha dúvidas em relação à validação do seu sacerdócio e Jacinta acabou por encontrá-lo. Maximina, madrinha de Conchita, testemunhou um êxtase na qual cinco sacerdotes disfarçados à civil, foram encontrados por Conchita. Ela também testemunhou que mesmo em êxtase, as meninas continuavam a mostrar um elevado respeito pelos sacerdotes e enquanto caminhavam em êxtase ofereciam-lhes os crucifixos para serem beijados, ajoelhando-se primeiro diante dos sacerdotes. Em junho de 1962, um padre carmelita e um outro passionista estavam presentes durante um êxtase de Conchita, ambos ajoelhados em reverência. Conchita chegou-se perto deles e de forma muito gentil conseguiu que se levantassem e ficassem de pé. Nossa Senhora também demonstrava possuir uma elevada estima pelos sacerdotes.

Muitos outros sacerdotes receberam particular atenção no que respeita a questões de consciência. Depois da grande graça que recebeu o padre Luis Andréu em agosto de 1961, foi depois mais tarde a 14 de outubro de 1961 que o seu irmão Ramon Andréu foi também gracejado. Nesse dia, o padre Ramon Andréu encontrava-se em Garabandal, de cama e com bastantes dores, o que parecia indicar uma possível fratura na região da anca. As dores eram tão grandes que ele próprio não conseguia levantar-se e ficar de pé. Às 3:30 da madrugada, Jacinta chega em êxtase à casa onde se encontrava o Padre Ramon oferecendo-o um crucifixo para que o beijasse. Ao mesmo tempo ela informou-lhe pessoalmente que ele estava curado. A sua dor desapareceu imediatamente. Posteriormente, o padre Ramon fez mentalmente um pedido para que Jacinta oferecesse a cruz a Maximo Forschler, um amigo não católico que o tinha trazido a Garabandal. Ele (Maximo Forschler) estava situado por detrás de Jacinta. Jacinta volta-se imediatamente para trás e sem olhar entrega o crucifixo a Maximo Forschler para o dar a beijar.

Três dias depois, dois sacerdotes vestidos à civil lideravam um grupo de rapazes das Astúrias a São Sebastião de Garabandal. Quando Conchita parecia estar a aproximar-se deles, como forma de a evitarem, eles subiram uma série de degraus de uma escada exterior que conduzia à entrada de uma das casas da aldeia. Conchita mesmo assim, continuou a insistir com eles, oferecendo-lhes o crucifixo para que o beijassem. Ambos recusaram, mas um deles ficou bastante indeciso. Quando Conchita estava a descer as escadas, naquele momento ele requisitou mentalmente um pedido: que se isto era realmente de origem sobrenatural, que Conchita voltasse a ir ter com ele e que deixasse de estar em êxtase. De forma abrupta, Conchita voltou-se para trás, voltou a subir os degraus da escada, fez o sinal da cruz sobre ele, saindo depois do estado de êxtase em que se encontrava.

Conchita estando agora no seu estado normal, e regressava a sua casa quando de repente voltou a entrar novamente em êxtase. Já em êxtase, Conchita voltou de novo a confrontar esse mesmo sacerdote, oferecendo-lhe o crucifixo para que ele o beijasse, fazendo de novo o sinal de cruz sobre ele. Ele tinha feito pouco tempo antes, mentalmente, um segundo pedido, se a supernaturalidade de Conchita sabia que ele era um sacerdote, então que ela voltasse a ir ter com ele e realizasse tudo o que tinha feito durante a primeira vez. Isto mostrava o amor paciente que Nossa Senhora demonstrava ter para com os sacerdotes. Nossa Senhora demonstrava ter também um elevado interesse em assistir e ajudar sacerdotes que tivessem dúvidas de âmbito espiritual.

Vamos falar sobre mais um pormenor, antes de falarmos verdadeiramente sobre as verdadeiras causas deste tipo de reconhecimento. A 18 de outubro de 1961, a Primeira Mensagem era para ser transmitida às 10:00 da manhã, em frente à Igreja de Garabandal. Membros da comissão diocesana, decidiram que o anúncio teria que ocorrer nos “pinos” e não junto ao pórtico da Igreja. O padre Ramon encontrava-se entre a multidão que subia naquele momento até ao local dos “pinos”. A meio da caminhada, ele experimentou um enorme desalento e dúvida em relação a tudo aquilo. Parecia que tinha entrado numa grave crise moral. Ele estava desolado e pensava assim: “O que é que eu estou a fazer aqui? Estas crianças não são mais do que crianças doentes e tudo isto é uma patética comédia”.

Naquele dia o tempo estava bastante mau, mas a mensagem era extremamente simples:

“Temos de fazer mais sacrifícios, realizar mais penitência, e visitar o Santíssimo Sacramento frequentemente. Mas antes, temos de ser bons. Se não o fizermos, um castigo cairá sobre nós. A taça está quase cheia, e se não mudarmos, um grande castigo cairá sobre nós”.

Esta proclamação da mensagem simples em nada alterou o seu estado de espírito. Passado um tempo, foi levado para a casa de Mari-Loli. Ao chegar a sua casa, Mari-Loli voltou-se para o padre Ramon informando-o que Nossa Senhora fez-lhe dar a conhecer que ele não estava a acreditar, dizendo:

“O padre duvida de tudo, e sofre muito. Chama-o e diz-lhe para não duvidar mais…diz-lhe que quando subia ele estava feliz e quando descia, ficou triste”.

Loli também disse também ao padre Ramon, que Nossa Senhora falou algum tempo com Conchita sobre ele. Ele ao saber deste fato, dirigiu-se imediatamente a casa de Conchita, onde a mãe de Conchita, Aniceta, deu autorização para que ele falasse com a sua filha. Conchita tinha-se já retirado para o seu quarto juntamente com a sua prima Luciuca. Conchita disse-lhe que Nossa Senhora tinha falado muito sobre ele. Ela (Conchita), repetiu precisamente as mesmas frases que Mari-Loli tinha proferido antes. Depois relatou-lhe todos os pormenores que ele tinha pensado ao longo do dia e indicou o local exato onde ele teve todas as dúvidas. Nossa Senhora disse-lhe que tudo isto aconteceu para que ele no futuro ao pensar nisto não voltasse a duvidar.
  

Padre Ramon Andréu e Conchita

Quantos mais episódios teremos que falar para provar que Nossa Senhora quer que a felicidade dos sacerdotes esteja presente no Seu coração Imaculado? Quantos mais episódios teremos que dar para provar a predileção de Nossa Senhora pelos Sacerdotes nos acontecimentos ocorridos em Garabandal?

Uma marca eterna

Em dezembro de 1965, um decreto do Vaticano II referente ao ministério e a vida dos sacerdotes, foi promulgado. No capítulo 1, parágrafo 2 está constatado o seguinte:

“O ministério dos sacerdotes, enquanto unido à Ordem episcopal, participa da autoridade com que o próprio Cristo edifica, santifica e governa o seu corpo. Por isso, o sacerdócio dos presbíteros, supondo, é certo, os sacramentos da iniciação cristã, é, todavia, conferido mediante um sacramento especial, em virtude do qual os presbíteros ficam assinalados com um caráter particular e, dessa maneira, configurados a Cristo sacerdote, de tal modo que possam agir em nome de Cristo cabeça”.

Neste parágrafo podemos encontrar o segredo, relativo ao sucesso de Nossa Senhora em encontrar sacerdotes que se encontravam incógnitos entre a multidão. Neste parágrafo também encontramos a verdadeira razão da Sua especial predileção aos sacerdotes. O sacramento que institui o Sacerdócio, marca as almas dos padres com uma marca espiritual eterna e permanente que nunca mais pode ser apagada. É uma espécie de barra de luz que pode ser vista independentemente de todas as condições. O brilho permanente é devido à graça de Deus, brilhante, persuasiva e permanente.

Como Nossa Senhora pertence a esse mundo espiritual, na qual é Rainha, então Ela tem consciência da presença dessa luz nas almas dos sacerdotes que se encontram mergulhadas na escuridão deste mundo, por isso não é dificuldade para Ela, verificar tudo isto. Noite e dia, dia sim, dia não, esta marca identifica o padre e através deste Sacramento a graça do Deus infinito pousa sobre eles.

À medida que essa graça envolve o sacerdote, ele torna-se configurado em Cristo. Como se sabe, toda a vida de Nossa Senhora concentrou-se na vida de Jesus Cristo; ela exerceu de forma contínua o papel de mãe em relação ao Seu filho Jesus, que tanto amava. Não é assim natural que Nossa Senhora tenha especial devoção pelos sacerdotes, uma vez que os mesmos estão configurados em Jesus Cristo?

Que proximidade teria o Padre Luis Andréu com a imagem de Cristo, pelo fato de ter obtido tão elevada graça, enquanto estava na Terra, e também pelo fato de ele ter voltado a estar com as meninas videntes oito dias depois da sua morte? Apesar da sua presença não ter sido visível, ele demonstrou a sua presença através da sua voz e das instruções que ele deu às meninas, e aos apelos que deu ao seu irmão Ramon Andréu.

Nossa Senhora fez mostrar em Garabandal a predileção especial que tinha pelos sacerdotes devido ao caráter sacramental que os mesmos possuíam. Eles não foram capazes de ocultar a sua luminescência espiritual que está em conformidade com a imagem e semelhança de Jesus Cristo. Mesmo que eles estejam com dúvidas e medos, essa marca brilhante que se encontrava por cima deles, fez com Ela pudesse vir em seu auxílio. Ela vem assim assistir todos aqueles que queiram assimilar e dar exemplo dos ensinamentos da fé cristã, cujo fundamento é Jesus Cristo, o nosso Messias e também para todos aqueles que queiram seguir a humildade e a santidade de Cristo, Seu filho.


[1] Local principal das aparições de Nossa Senhora e do Anjo. Este local fica situado um pouco mais acima da aldeia de Garabandal.




Os Sacerdotes e Garabandal

OS SACERDOTES E GARABANDAL

Padre François Turner, O.P.*



Padre François Turner

O Concílio ensina que a função fundamental do sacerdote é ser ministro da Eucaristia (presb, n º s 2 e 5).

A Santíssima Virgem falou muitas vezes sobre os sacerdotes às videntes. Ela disse-lhes que se encontrarem um anjo e um padre, elas em primeiro devem saudar e venerar o sacerdote, porque o padre consagra, enquanto o anjo não.

Os padres também são responsáveis pela instrução, e é por isso que Ela disse às meninas para que elas pedissem ao seu pároco o significado da palavra “sacrifício” que elas não entendiam. Isto sugere que a Santíssima Virgem insinuou que um bom padre é sacrificado e consagrado. Se for esse o caso, podemos entender porque Ela tantas vezes falou sobre eles, incentivando as meninas a rezar com frequência aos sacerdotes. Ela expressa uma preocupação especial para com os sacerdotes, nomeadamente na Segunda Mensagem, porque se eles (Sacerdotes), não dão um bom exemplo e não demonstram qualidades de liderança, alguns dos fiéis podem ser tentados a aventurar-se “na estrada para a perdição”. A sua tarefa é ajudar-nos a viver uma vida santa, a cada um de nós na nossa vida individual e pessoal. Esta preocupação especial da Virgem, e de Deus, que A enviou, é absolutamente positiva. Em 20 de julho de 1963, Nosso Senhor disse a Conchita numa locução interior, “Que Me façam conhecer a quem me ignora, e fazer com que me Amem para aqueles que me conhecem, mas não me amam”.

Na Segunda Mensagem Ela recomenda a todos que rezemos pelos padres, bispos e cardeais. É sabido que a Virgem deu às videntes o poder de reconhecer sacerdotes vestidos como leigos, sugerindo assim que eles (sacerdotes) foram marcados com uma espécie de “selo”…

Estamos agora em condições de entender por que razão as videntes tratavam os sacerdotes com uma consideração especial, mesmo quando alguns deles tratavam-nas mal ou as importunavam. Nenhum assunto parecia preocupá-los, com exceção da própria vocação. Conchita, uma vez perguntou à Virgem se todos os sacerdotes eram bons, e Conchita ficou bastante surpresa ao receber uma resposta negativa. Mari Loli por diversas vezes rezou por eles, especialmente para aqueles que desejavam que eles não fossem sacerdotes. Ela chegou a pedir à Virgem, numa locução, uma cruz para que pudesse sofrer por eles. De onde vieram esses pensamentos e sentimentos de Mari Loli?

Ela confidenciou uma vez a um sacerdote, “A Santíssima Virgem disse-me para fazer sacrifícios pelos sacerdotes, porque se houver muitos sacerdotes santos, muitas almas são levadas a Cristo e ao amor Dele.

Ela disse-me para rezar especialmente por aqueles que querem abandonar o sacerdócio... que um sacerdote, pelo menos, que continue a celebrar a Missa, porque ele é sacerdote para sempre”. A noção do “caráter” permanente do sacerdote é reencontrada nestas últimas palavras.

A fim de deixar que os convidados usassem a sua cama, a tia madrinha de Conchita, Maximina, colocou os seus dois meninos, com idades entre quatro e cinco anos, num colchão de palha estendido sobre o chão. A fim de esconder tudo isso, ela tinha cercado o colchão com cadeiras cobertas com folhas. Conchita entrou na casa de Maximina, em êxtase, cruzou as camas, e saiu. Ela desceu alguns passos, com a cabeça esticada para cima e para trás, no caminho de volta, com a sua mão a segurar o crucifixo.

Ela começou a rir-se, parecia falar com alguém, depois voltou, subindo os degraus andando para trás, chegou ao local onde as crianças estavam escondidas, retirou uma cadeira, ajoelhou-se e, sem olhar para os meninos, descobriu os seus pés, cruzou-os e disse a um deles: “Oh! ... Este vai ser padre?” Isso foi visto e ouvido por muitas pessoas, entre as quais Maximina, que não esconde a confusão que sentia naquele momento, quando ela narrou este episódio.

Um padre, asceta e piedoso foi o primeiro confidente de Conchita sobre o Milagre da Hóstia, e anotou o nome dele no seu Diário: Padre José Ramon Garcia de la Riva. Outro padre que tinha fama de ser santo, o padre Luis Andréu, foi a única pessoa a ver o grande Milagre de antemão, para além do Padre Pio, e foi o único que com exceção viu a própria Virgem Maria em Garabandal.

Na altura das aparições, durante muitas ocasiões, as meninas contavam os sacerdotes que vinham a Garabandal e prestavam atenção aos seus hábitos. Quando lhes perguntavam quem gostariam que viesse, respondiam: “os padres”. Muitos vieram das aldeias deste distrito. No início, Pepe Diez chegou a contar à volta de cinquenta. Eles discutiam acaloradamente os acontecimentos, mesmo em público. As meninas foram muito sensíveis à forma como os sacerdotes celebravam a Santa Missa, e eles notaram em especial que os irmãos Andreu faziam isso muito bem.

Depois da época das aparições, foi possível observar que esta lição sobre os sacerdotes tinham sido totalmente assimilada pelas videntes.

Em Burgos entre 1966-67, Conchita falou muitas vezes dos sacerdotes e que iria rezar para que eles se tornassem santos.

“O que a Santa Virgem quer do sacerdote, acima de tudo é a sua própria santificação. Ele deve cumprir os seus votos através do amor de Deus, e levar muitas almas a Ele através do exemplo e da oração, porque no nosso tempo, isso é difícil.”

“Que os sacerdotes possam ser sacrificados pelo amor das almas em Cristo! Que eles possam de tempos a tempos fazer retiros de silêncio para ouvir Deus que fala com eles constantemente.”

“Que eles pensem muito sobre a Paixão de Jesus, para que as suas vidas sejam mais unidas a Cristo, e convidar as almas à penitência e ao sacrifício, e também tornar mais tolerável para eles a cruz que Cristo envia para todos nós.”

“Para falarem de Maria, que é o caminho que nos conduz a Cristo, e também falar e fazer as pessoas acreditarem que existe um céu, assim como também existe um inferno. Eu acredito que é isso que o Céu quer dos sacerdotes.”

Conchita González

Em Burgos, Conchita escreveu: “Rezemos muito pelos sacerdotes, que são o sal da terra e são os amados de Cristo” (Conchita, 15/11/1967).

Um ano depois, em outubro de 1968, ela foi inquirida por um teólogo, se ela ainda pensava que “muitos padres estavam no caminho da perdição”. Ela disse que sim e para esses sacerdotes ela responde: “Imitem Cristo na Eucaristia”. Isto soa teologicamente bem, como Jesus na hóstia é perfeitamente consagrado a Deus e totalmente consumido pelos homens.

Das muitas coisas que a Santíssima Virgem disse, Jacinta lembra-se mais vividamente das Suas palavras sobre os sacerdotes: “Eu acho que foi isso que me impressionou mais do que tudo, e deixa na minha alma uma grande estima e uma veneração por eles….”.

Em 21 de novembro de 1968, um grupo de visitantes foi despedir-se de Mari Loli. Disseram-lhe que eles foram rezar por ela nos pinheiros. Ela protestou e disse-lhes que em primeiro lugar devem sempre rezar pelos sacerdotes.

Em dezembro de 1968, Conchita foi operada à apendicite. Embora sob anestesia, ela foi ouvida a dizer: “Temos de rezar pelos sacerdotes ... vamos rezar pelos sacerdotes ... como devemos rezar pelos sacerdotes”, o que mostra que foi uma das suas principais preocupações.

No outono de 1969, em resposta a uma pergunta que lhe foi enviada, ela explicou que Nossa Senhora pediu a Conchita e às suas companheiras, que rezassem pelos sacerdotes... porque os crentes seguiriam o seu exemplo.

Em 1970, Mari Loli escreveu a um autor de livros sobre Garabandal que ela iria “pedir à Santíssima Virgem para que ele fosse um padre santo”.

As visitas frequentes da Virgem Maria a Conchita, os seus numerosos retiros, a sua vida de oração, a sua profunda inteligência intuitiva, e talvez o especial carisma que recebeu como presente de Deus, deu-lhe a capacidade de dar respostas profundas e criteriosas. Walter J. Kushion e um grupo de visitantes da Irlanda perguntam-na no dia 13 de setembro de 1970, “Porque que razão os sacerdotes estão a deixar a Igreja hoje?” Ela respondeu: “Porque eles não têm amor à Virgem Maria”.

Aquele que ama Maria fielmente, ama o Seu filho de forma fiel e a Igreja que Ele ama (Efésios 5:25). Conchita considera que todos nós somos responsáveis: “Vamos rezar muito pelos sacerdotes. Nós mesmos somos culpados pelo fato de muitos sacerdotes estarem na estrada para a perdição, porque não rezamos o suficiente por eles, porque nós não nos sacrificamos, e também porque devemos dar exemplo para os sacerdotes que são consagrados à Santíssima Virgem... Temos que ajudar os sacerdotes... para que possam levantar-se para que possam prosseguir em frente na sua vocação”.

As orações pelos sacerdotes tornou-se contagiosa, particularmente na aldeia, quando a tia e Madrinha de Conchita, Maximina, começou a orar diariamente pelos sacerdotes.

Desde que aprendeu com a Santíssima Virgem para rezar pelos sacerdotes, a Senhora Julia Mazon, mãe de Mari Loli, nunca passou um dia sem rezar por eles, pela sua santificação, enquanto ordenhava as vacas ou quando ela levava os animais para pastar.

Este exemplo de oração pelos sacerdotes é seguido em grande parte nos Estados Unidos, onde os amigos de Garabandal promovem vigílias de oração pelos sacerdotes, e de adoração ao Santíssimo Sacramento. O Santo Padre, o Papa Paulo VI, tinha conhecimento sobre estes fatos e aprovava-os.

Através da sua oração sacerdotal (João 17), Jesus quis consagrar os seus apóstolos para o sacerdócio ministerial:

“….Como Tu me enviaste ao mundo, assim também eu os enviei ao mundo. E por causa deles eu me consagro, que também eles sejam consagrados pela verdade” (João 17:17-19).

Os apóstolos ficaram, portanto, plenamente conformados com Jesus, Sacerdote e Vítima do novo culto da Nova Aliança, “em verdade” (João 4:23-24), ou seja, em conformidade com a revelação divina dada por Jesus. Ver (João 14:6), através da operação de “o Espírito da Verdade que irão orientá-los em toda a verdade” (João 16:13).

Estes sacerdotes ministeriais terão sucessores que recebem “um dom, o carisma de Deus através da imposição das mãos”, conferido pelo Colégio de Presbíteros (II Tim 1:6.).

“A leitura, pregação, instrução, sejam estes os teus cuidados constantes”, escreveu Paulo a Timóteo. “Não negligencies o dom que há em ti, que te foi dado por profecia, com a imposição das mãos... Continue nestas coisas: porque, ao fazer isto, te salvarás a ti mesmo e aos que te ouvem” (I Tm. 4:13-16).

Os sacerdotes são “ministros de Jesus Cristo, …. consagrados pelo Espírito Santo” (Rm 15:16). Este verso indica o fim, a meta do ministério da Nova Aliança.

Esse é o ensinamento do Concílio: “Deus ... queria ... consagrar os sacerdotes que desejam participar do sacerdócio de Cristo de uma forma especial ... Através da celebração da missa, oferecem sacramentalmente o sacrifício de Cristo” (presb, n. 5).



Foto tirada em 1968, em Candè, França, durante a reunião anual sobre Garabandal. De esquerda para a direita, Padre Turner, Padre Bailliencourt, junto com um senhor do norte de França, Padre Materne Laffineur, Suzanne Laudet, Padre Blanco Bispo J. Bretault, o jesuíta espanhol Padre José Alba, Padre Alfred Combe e a Senhora Teresa le Pelletier à direita da foto.


* O Padre François Turner, foi um dos muitos sacerdotes que acreditaram e defenderam os acontecimentos de Garabandal. Este artigo sobre os sacerdotes, foi um dos muitos artigos que o próprio escreveu sobre Garabandal.